quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Assim nasceu a independência

Embora o país tenha começado a romper os grilhões coloniais no instante em que D.João VI abriu os portos "às nações amigas", em janeiro de 1808, os fatos quer antecederam a independência do Brasil estão diretamente ligados à Revolução Liberal do Porto, que eclodiu em agosto de 1820.o Brasil - que, desde 1808, ocupava uma posição de supremacia no império português - perdia seus privilégios e teria de voltar a se submeter inteiramente ao governo da metrópole. Mas o novo regime, representativo, permitiria a participação brasileira no governo de Lisboa. O problema era que, de acordo com as novas leis, as colônias eram sub-representadas e as eleições, indiretas. Assim sendo, das 181 cadeiras das Cortes, apenas 72 poderiam ser ocupadas por deputados brasileiros - e, entre esses, havia os que eram francamente favoráveis à metrópole. Apesar dessas vantagens, as Cortes sequer esperaram que todos os representantes do Brasil chegassem a Lisboa para, em 7 de março de 1821 - com somente 46 dos 72 brasileiros presentes no plenário -, votar a emenda que simplesmente dissolvia o reino do Brasil.
Na verdade, não era difícil perceber que o propósito básico das Cortes era "recolonizar" o Brasil. Em sessões tensas e tumultuadas (foto acima), com os deputados quase trocando sopapos, as Cortes decidiram que o Brasil não apenas deixaria de ser um reino unido a Portugal como também o vice-reinado, com sede no Rio de Janeiro, não seria reestabelecido. Em vez de possuir um governo central, o Brasil seria dividido em províncias autônomas, cujos governadores (militares) seriam nomeados pelas próprias Cortes.
Uma declaração de guerra não teria efeito maior: enquanto o Brasil se preparava para entrar no século 19, as Cortes propunham um retorno ao século 17. Embora as determinações fossem absurdas e injustas, D.Pedro estava decidido a cumpri-las. Afinal, as tropas portuguesas estacionadas no Rio e os comerciantes lusitanos residentes no país assim o exigiam. Mas então, em janeiro de 1822, o príncipe recebeu uma petição escrita por José Bonifácio e assinada por toda a junta provincial de São Paulo. Era um documento poderoso, que clamava que o príncipe desafiasse as Cortes e permanecesse no Brasil. A verdade é que D. Pedro não foi "bonzinho" declarando a independência do Brasil, ele foi forçado politicamente, mesmo assim, historicamente ele fez seu papel fazendo a diferença.

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