sábado, 28 de novembro de 2009

Canto Para o Senegal



Canto Para o Senegal

Reflexu's

Composição: Ythamar Tropicália e Valmir Brito

Sene Sene Sene Sene Senegal
Sene Sene Sene Sene Senegal
Diz povão Senegal região
Diz povão Senegal região
Diz povão Senegal região
Diz povão Senegal região

A grandeza do negro, se deu quando houve este grito infinito
E o muçulmanismo que contagiava como religião
Ilê-Ayê traz imensas verdades ao povo Fulani
Senegal faz fronteira com Mauritânia e Mali

Os sere ê ê ê, a tribo primeira que simbolizava
Salum, Gâmbia, Casamance, seus rios a desembocar
Mandigno, Tukuler, Uolof, são os povos negros
E uma das capitais mais lindas hoje se chama Dakar, Ilê

Ilê ê ê ê, Dakar á á, obatalá
Agô iê ê ê ê
Esses são os meus sentimentos do antepassado
Senegal narrado como tema Ilê Ayê

(Refrão)
Sene Sene Sene Sene Senegal
Sene Sene Sene Sene Senegal
Diz povão Senegal região
Diz povão Senegal região
Diz povão Senegal região
Diz povão Senegal região

ê ahê, ahê ê
á, ia, iê (2x)

Baol reino de lá
Hamba-kali povo de Dakar

Negros ilê-aiyê avançam pelas ruas centrais da cidade
Senegalesas mulheres vaidosas mostrando intensidade
Incorporadas num só movimento frenético do carnaval
Caolak, Rufisque, Zinguichor, são as cidades do Senegal

Ilê-Ayê ê ê... está nos torsos, nas indumentárias africanas
Lingüisticamente o francês na dialética união baiana
Baobás árvore símbolo da nação
dos Deniakes, os Berberes, dinastia da região, Ilê Ayê Senegal...

(Refrão)
Sene Sene Sene Sene Senegal
Sene Sene Sene Sene Senegal
Diz povão Senegal região
Diz povão Senegal região
Diz povão Senegal região
Diz povão Senegal região

ê ahê, ahê ê
á, ia, iê (2x)

Baol reino de lá
Hamba-kali povo de Dakar

Reação à intolerância religiosa: diga não ao preconceito

Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. Por Jamile Menezes Santos - Estudante de jornalismo de Salvador

Foto: Wilson MilitaoEm meio a cerca de cinco mil religiosos do Candomblé, dentre pais, mães, filhos e filhas de santo, duas senhoras começam a distribuir panfletos com mensagens bíblicas. Até então tudo respeitoso, até quando a distribuição começa a ganhar palavras de ordem: “Conheçam Jesus!”, ou “A religião de vocês é doDiabo, nosso Deus é bom! Confusãoformada e logo apartada por algumas pessoas. Não bastando a manifestação discriminatória explícita, logo depois a agressão: da janela de uma casa alguém joga água sobre os religiosos que, vestidos de branco, pediam respeito ao culto dos Orixás. Essas manifestações de intolerância buscavam intimidar, sem resultado, os participantes da III Caminhada pela Vida e LiberdadeReligiosa, realizada em Salvador nodia 25 de novembro.

A religião do Candomblé foi tema de muitas atividades duranteo mês da Consciência Negra na capital baiana. As agressões motivadas pela intolerância das seitas evangélicas são vivenciadas cotidianamente por muitos Terreiros em Salvador,em especial nos bairros onde estas comunidades estão mais concentradas. “Aqui na minha comunidade (Itapuã), apesar de termos vencido a Igreja Universal na justiça, por conta do crime cometido contra Mãe Gilda, ainda sofro perseguição por grupos de evangélicos. É só entrarem lojas e as pessoas saem correndo, somos ofendidas na rua por estar trajando roupas religiosas. São ofensas todos os dias aqui, dirigidas a mim e aos filhos da Casa”, denuncia a ialorixá Jaciara Ribeiro, filha de Gildásia dos Santos, falecida em 2000 após perseguição sofrida por evangélicos. Seu caso ganhou repercussão nacional e se tornou referência no combate à intolerância na Bahia. (veja quadro abaixo)

As manifestações públicas que exigem respeito aos rituais sagrados, à indumentária religiosa e, principalmente, aos Orixás, são uma forma de se chamar a atenção das autoridades para a gravidade das agressões sofridas pelos adeptos do Candomblé, na Bahia e no Brasil. Conhecer os direitos e saber o que é possível fazer em termos legais para assegurar a livre manifestação religiosa é fundamental: “Sem o conhecimento de nossa força, essência e nossa religião, não conhecemos o que nos é mais sagrado, que é nossa história. Isso nos fortalece”, afirmou Mãe Beata de Iemanjá, ialorixá doIlê Axé Omi Ojuarô (RJ), tambémp resente na Caminhada em Salvador.

Combate e Mapeamento - Os agressores não se limitam às palavras e à pregação contra os deuses africanos. O desrespeito contra os adeptos do Candomblé também vem em atos de agressão mais diretos. “O que vemos são casos de ofensas e agressões mais individuais, partindo de alguns fiéis mais fanáticos. O que temos feito é apurado estes casos que chegam até a Promotoria, estreitando a relação comos líderes das igrejas evangélicas para que eles cooperem na eliminação desse comportamento indesejável de seus seguidores”, aponta Almiro Sena, da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e Intolerância Religiosa. Este combate, inclusive, é um dos resultados esperados com a instituição do Programa de Valorização do Patrimônio Afro-Brasileiro, um produto direto do Projeto Mapeamento de Terreiros de Salvador, realizado pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Ceao), em parceria com órgãos municipais em 2006.

Foto: Wilson MilitaoO Programa foi instituído pela lei 7.216 e sancionada pelo prefeito de Salvador, João Henrique este ano.Com o Mapeamento foram cadastra-dos 1.161 Terreiros em Salvador, o que deverá servir de suporte para implementação de políticas públicas visando a qualidade de vida nestas comunidades, de acordo com a Secretaria Municipal de Reparação(SEMUR). Para tanto, ainda estão sendo esperados recursos que virãode parcerias estabelecidas pela Secretaria. “Essas políticas agora têm o embasamento legal para acontecer. Os próximos governos que vierem encontrarão agora uma legislação e não só mais uma demanda destas comunidades. Agora é política de Estado a valorização do patrimônio afro-brasileiro”, pontuou o secretário de Governo da Prefeitura, Gilmar Santiago. Com o Programa, fica instituído que Terreiros de Candomblé e a própria religião terão o reconhecimento enquanto patrimônio e que sejam encarados como tal pelos poderes públicos.

“Isso não é apenas um Mapeamento, é na verdade uma porta que se abre para a discussão sobre patrimônio afro-brasileiro que, historicamente, nunca teve uma política pública organizada e direcionada a sua valorização. Com esse diagnóstico, temos uma base de dados que nos possibilitará exigir políticas públicas de forma mais sistemática aos diversos órgãos”, explica o subsecretário da Reparação, Antônio Cosme, que aponta as conseqüências desses resultados no combate direto à intolerância religiosa. “As comunidades de Candomblé sofrem uma perseguição sistemática por parte de diversas correntes evangélicas. Sabemos que não é à toa que elas abrem suas igrejas onde há um número expressivo de Terreiros e os dados mapeados irão nos auxiliar em muito no estudo de questões como estas, para que possamos garantir os direitos das comunidades”, diz Antonio Cosme.

Realidades de grande tensão semelhantes à de bairros periféricostais como Paripe, no subúrbio de Salvador, terceiro em número de Terreiros - 40 ao todo -, segundo o mapeamento. “Esse desrespeito está em todo lugar, nas tevês, rádios e, principalmente, em nosso cotidiano. Precisamos aprender mais sobre nossa religião para que possamos nos defender desses ataques. Eles sabem quem somos e em que acreditamos, mas insistem em vir pregar à nossa porta, tentar nos convencer de que o Deus deles é melhor. Aqui, acredito que só não atacam mais porque sei dos meus direitos e conheço minha religião. Sei até onde eles podem ir”, enfatiza o Babalorixá DaryMota, do Ilê Axé Torroundê, no bairro de Paripe.

Já em 2008, serão beneficiados 55 Terreiros em Salvador, com ações que envolvem a infra-estrutura e regularização. Os dados colhidos no Mapeamento de Terreiros em Salvador já podem ser acessados no endereço eletrônico www.terreiros.ceao.ufba.br. No site, há informações sobre localização, nome do dirigente, nação, ano de fundação e fotografias dos Terreiros, assim como sobre as ações que serão desenvolvidas em cada um deles.

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No dia 13 de janeiro de 2005, foi assinada sentença obrigando a Igreja Universal do Reino de Deus a indenizar os familiares da ialorixá Gildásia dosSantos, a Mãe Gilda, em pouco mais de R$ 1,3 milhão, por danos morais. Em 1999, o jornal da igreja, Folha Universal, publicou uma foto da religiosa em matéria sob o título "Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes". Hoje, a sentença aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal. Confira de poimento da ialorixá Jaciara Ribeiro (filha de Mãe Gilda), do Axé Abassá de Ogum:

Ìrohìn: Qual o resultado da ação movida contra a Igreja Universal?
JB: Há oito anos conseguimos levar a Iurd ao tribunal. Hoje a decisão está no Supremo, em Brasília, pois eles alegam que não pagarão a indenização porque Mãe Gilda já faleceu. Eles não têm interesse em pagar para não dar visibilidade ao povo de santo e à derrota deles diante de nós.

Ìrohìn: O que a Sra. sente quanto a este caso?
JB: Infelizmente nossa religião ainda não tem um órgão qualificado para assessorar nosso povo e acredito ser muito uma questão política também. Não temos representação política que assuma a religião de fato e que lute por nós. Reconheço que só em ter levado eles ao tribunal já foi uma grande vitória. Massei também que muito ainda nos devem pela perseguição que passamos e sofremos todos os dias.

Ìrohìn: Algo mudou em sua comunidade após essa vitória?
JB: Hoje temos essa sistematização de igrejas pentecostais como um atestado da intolerância religiosa. Aqui no Abassá de Ogum tenho caminhado muito, falado muito sobre isso. Na verdade, damos mil passos, mas sentimos no final que é apenas um pela falta de crença que temos no poder do Estado em nos assegurar nossos direitos. Dia desses fui abordada por oito evangélicos de uma Igreja à qual pertence um dos que invadiram o Terreiro há alguns anos. Ameaçaram me evangelizar e me diziam que nada na minha vida daria certo por conta de minha religião. Temos passado momentos difíceis na comunidade. Vemos que o povo de santo está uma disposição maior para ir ás ruas, denunciar. Mas ainda é muito pouco diante do que a Emtursa, Bahiatursa vendem que é a Bahia. Esse culto diário aos Orixás, onde tudo é sagrado, é encanto e atrai turistas. Nada disso se traduz em melhoria para nós. Temos que caminhar muito para mudar esse quadro. Quando vemos o outro xingar nosso Orixá de Diabo é muito desgastante para nós. Entristece, dá raiva. Temos oito anos nessa caminhada árdua e o que nos importa agora é que se há leis, que sejam cumpridas. Os outros têm que nos conhecer e respeitar e saber do crime que cometem ao agirem de tal forma.

fonte: http://www.irohin.org.br/imp/template.php?edition=21&id=138

O canto do negro

Ilê! Pérola Negra (O Canto do Negro)

Daniela Mercury

Composição: Miltão / Renê Veneno / Guiguio

O canto do negro
Veio lá do alto
É belo como a íris dos olhos de Deus, de Deus
E no repique, no batuque
No choque no aço
Eu quero penetrar
No laço afro que é meu, e seu
Vem cantar meu povo
Vem cantar você
Bate os pés no chão moçada
E diz que é do Ilê Ayê
Lá vem a negrada que faz
O astral da avenida
Mas que coisa bonita
Quando ela passa me faz chorar
Tu és o mais belo dos belos
Traz paz e riqueza
Tens o brilho tão forte
Por isso te chamo de Pérola Negra
Ê, Pérola Negra
Pérola Negra Ilê Ayê
Minha Pérola Negra
Lá vem a negrada que faz
O astral da avenida
Mas que coisa mais linda
Quando ela passa me faz chorar
Tu és o mais belo dos belos
Traz paz e riqueza
Tens o brilho tão forte
Por isso te chamo de Pérola Negra
Com sutileza
Cantando e encantando a nação
Batendo bem forte em cada coração
Fazendo subir a minha adrenalina
Como dizia Buziga
Edimin
Emife Nagô Dilê
Edimin
Emife Nagô Dilê
Ê, Pérola Negra
Pérola Negra, Ilê Ayê
Minha Pérola Negra

Perola Negra

Negritude


Negritude (Négritude em francês) foi o nome dado a uma corrente literária que agregou escritores negros francófonos e também uma ideologia de valorização da cultura negra em países africanos ou com populações afro-descendentes expressivas que foram vítimas da opressão colonialista.

Fonte wikipédia

A Negritude tem a sua origem nos movimentos culturais protagonizados por negros, brancos, mestiços que, desde as décadas de 10, 20, 30 (século XIX), vinham lutando por renascimento negro (busca e revalorização das raízes culturais africanas, crioulas e populares) principalmente em três países das Américas, Haiti, Cuba e Estados Unidos da América, mas também um pouco por todo o lado.

A ideia de renascimento, indigenismo e negrismo surge como consequência das luzes e do romantismo, que levaram à abolição da escravatura e finalmente à possibilidade de, após a Revolução Francesa de 1789, os povos supostamente poderem assumir a liberdade e igualdade.

O termo "Negritude" aparece pela primeira vez escrito por Aimé Césaire, em 1938, no seu livro de poemas, "Cahier d'un retour au pays natal"; está intimamente associado ao trabalho reivindicativo de um grupo de estudantes africanos em Paris, nos princípios da década de 30, de que se destacam como principais responsáveis e dinamizadores Léopold Sédar Senghor (1906) senegalês, Aimé Césaire (1913), martinicano, e Leon Damas (1912), ganês. Estes autores da Negritude legaram-nos uma obra literária da máxima importância; mas foi Senghor que, com a Presidência do seu Pais (Senegal) e uma larga aceitação Ocidental (política literária e académica) contribuiu decisivamente para a divulgação da Negritude.

É a Senghor que são atribuídas as primeiras tentativas de definição do conceito de Negritude: "Conjunto dos valores culturais do mundo negro”.

Eis alguns valores característicos do homem negro:

- o homem negro é essencialmente religioso e cultural, ritual e celebrante, porque para ele existe um ente supremo, o "sagrado", que é o verdadeiro real

- o homem negro é simbólico, porque o seu mundo é o mundo das imagens e do concreto; todas as realidades materiais, visíveis e imediatas são anunciadoras e portadoras de outras realidades

- o homem negro é o homem de coração, porque, para além do corpo, da forca vital, da habilidade, do entendimento e de todas as outras qualidades humanas, é ainda pelo coração que o homem se define, que o homem vale e é julgado; para usar a categoria de um provérbio africano: "o coração do homem é o seu rei".

Importa revelar ainda que chegou mesmo a haver grandes figuras Ocidentais dizendo que a negritude era também um movimento racista. Mas isso não corresponde à verdade, porque se para Césaire a "Negritude", no início, se fez racista simplesmente para realçar os seus valores, a sua dignidade e afirmá-los, para Senghor era ainda algo mais do que isso: a "Negritude" é um humanismo, porque todas as raças tinham lugar neste universo civilizacional de inspiração do homem.

É de capital importância referir-se ainda que a "Negritude" não surgiu apenas com o objectivo da recuperação da dignidade e da personalidade do homem africano, mas também como um movimento propulsionador da descolonização em África.

Nilton Garrido

sábado, 21 de novembro de 2009

Museu Imperial

Com o Ano da França no Brasil em andamento, o Museu Imperial revirou seu acervo para não ficar de fora das homenagens. E pendurou em suas paredes uma época sobre a qual tem assunto de sobra para falar: “Retratos no estrangeiro: O Brasil Imperial nos ateliês franceses” mostra nossa gente representada pelos artistas de lá ao longo do século XIX.

Com seus ateliês espalhados pelo Rio de Janeiro, pintores, gravadores, litógrafos e fotógrafos franceses registraram notáveis e anônimos. D. Pedro II e a família imperial estão lá, em retratos inéditos para o público. Até fevereiro de 2010. De terça a domingo, das 11h às 18h. O museu fica na Rua da Imperatriz, 220.

Ingressos a R$ 8,00. Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam meia. A entrada é gratuita para menores de 7 anos e maiores de 80.

Fonnte: Revista da Biblioteca Nacional

Frase do mês

“As fontes de todos os problemas são três: barra de ouro, barra de terra e barra de saia”.

Tancredo Neves (1910-1985), político mineiro, eleito indiretamente para a Presidência em 1985.

Devoção Negra: santos pretos e catequese no Brasil colonial


Que fios misteriosos podem ligar uma princesa da Núbia do século I e um imperador etíope do século VI a irmandades negras brasileiras do XVIII? O livro de Anderson José Machado de Oliveira percorre com rigor investigativo estes fios, que de invisíveis e improváveis tornam-se evidentes e claros, abrindo frestas sobre a sociedade colonial, suas formas de catequese e devoção, e suas relações de poder. Ao longo dos mesmos fios, que fazem dos santos pretos Efigênia e Elesbão modelos de virtude para africanos e descendentes, são analisados os principais nós: a hagiografia medieval, a Ordem do Carmo, que se apropria dos dois nobres antigos, e seu cronista, frei José Pereira de Santana, objeto de um interessante estudo de micro-história.

Entre eficácia e limites do projeto de catequese e a criatividade da população negra, o que salta aos olhos é uma sociedade em movimento que reconstrói continuamente valores e papéis. (por Marcello Scarrone)

Ciganos em MInas Gerais _ Breve história

Homens vagabundos que se fingem naturais do Egito e obrigados a peregrinar pelo mundo como descendentes dos que não quiseram agasalhar o Divino Infante”. Esta era a definição de ciganos no primeiro dicionário editado em Portugal, no século XVIII. Ladrões, charlatões, músicos e dançarinos – Rodrigo Teixeira destaca as diferentes visões construídas sobre os ciganos que, de astuciosos e ricos comerciantes de escravos na Colônia, transformaram-se em miseráveis, “sem pátria e incivilizados” no Império. Degredados para o Brasil, os ciganos causavam repulsa e curiosidade. Depois da abolição da escravatura e do declínio da atividade canavieira, migraram para Minas Gerais e tornaram-se presença assídua nos relatórios da polícia, responsáveis pela morte de policiais, mesmo portando apenas punhais e armas velhas. Ainda assim, sempre provocaram uma boa dose de fascínio. Contam que nem mesmo D. João VI resistiu a uma bela cigana que podia ver o futuro nas mãos.

Cristiane Nascimento

Charge de Luiz

O malho - Abril de 1920

A POLÍTICA, velha dona de pensão chic, à bela República, que ela explora: “Vá se preparando. O Clube abre no dia três de maio."

A Charge de Luiz
comentava a chegada dos senadores e deputados para o ano legislativo que se iniciaria no mês seguinte.

domingo, 15 de novembro de 2009

Novembro Negro:


Qual a condição da pessoa negra na sociedade contemporânea? Esta é a reflexão proposta pelo Novembro Negro, projeto coordenado pela Secretaria de Promoção (Sepromi) em parceria com o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN), em alusão ao 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. Desde o início do mês, uma ampla programação vem sendo tocada, na capital e no interior do estado, com o objetivo de provocar a mobilização e o debate sobre o racismo, as relações sociais discriminatórias e as conquistas da população negra baiana e brasileira. Este ano, a ação ganha caráter internacional, com a inclusão do Seminário Experiências Iberoamericanas de Promoção da Igualdade Étnico-Racial, que acontece de domingo (15) até terça-feira, no Hotel Vila Galé, em Ondina. A celebração do 20 de Novembro em ato público na Praça Castro Alves, com a presença do presidente Lula, confere o caráter nacional do projeto. No Estado, a população é envolvida através de várias ações promovidas pelos movimentos negros, por órgãos do governo estadual e das prefeituras de todos os territórios de identidade.

São diversas as exposições, mostras de filmes, conferências, oficinas, marchas, seminários, realizadas em Salvador e em municípios como Alagoinhas, Lauro de Freitas, Camaçari, Conceição da Feira, Irecê, Porto Seguro, Seabra, Souto Soares, Ituberá, Itacaré e Juazeiro, sempre com abordagens étnico-raciais. Ao público em geral, a chamada à reflexão sobre o contexto do racismo no Brasil chega através de uma forte campanha publicitária, lançada pela Sepromi em veículos de comunicação como outdoor, tv, rádio, jornal, revistas, ônibus e mobiliários urbanos.

"A nossa idéia é consolidar um ambiente favorável para a implementação de políticas de promoção da igualdade racial no estado da Bahia", afirma a secretária de Promoção da Igualdade, Luiza Bairros, que destaca o Decreto Estadual de Políticas para as Comunidades Remanescentes de Quilombos entre as ações de governo a serem lançadas no bojo do Novembro Negro. O documento, que define as diretrizes das políticas públicas baianas para quilombos, será assinado pelo governador Jaques Wagner em ato com participação do presidente Luís Inácio Lula da Silva, no 20 de Novembro, na Castro Alves.

A praça mais popular de Salvador será palco de outros atos como a assinatura do Estatuto Nacional de Promoção da Igualdade Racial, pelo presidente Lula, e o anúncio do governador de comunidades que serão beneficiadas com a regularização de suas terras. Desta forma, a Castro Alves será o espaço da celebração nacional do 20 de Novembro, concentrando todas as manifestações tradicionais da data, a exemplo das caminhadas que saem do Campo Grande e da Liberdade.

O 20 de Novembro
A comemoração do 20 de Novembro como Dia Nacional da Consciência Negra surgiu na segunda metade dos anos 1970, no contexto das lutas dos movimentos sociais contra o racismo. O dia homenageia Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada, no ano de 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares, em Alagoas. Desde 1995, Zumbi faz parte do panteão de Heróis da Pátria.

O dia se consolidou como um momento propício a reflexões sobre a situação do negro e da negra no Brasil, a medida que as celebrações foram ganhando maiores proporções e angariando mais apoios. Hoje, em todas as regiões do país, são realizadas atividades relacionadas à temática e algumas capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, instituíram feriado municipal nesta data. Além de ser parte do calendário de atividades do Movimento Negro, o 20 de Novembro foi incorporado por algumas instituições oficiais como a Fundação Cultural Palmares (FCP), vinculada ao Ministério da Cultura, e a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ligada à Presidência da República.

O 20 de Novembro tem muitos significados construídos no decorrer da sua consolidação, entre outros: faz referência à imortalidade de Zumbi; evidencia as denúncias e reivindicações da população negra; oportuniza balanço de conquistas e estabelecimento de agendas para o futuro.

As homenagens a Zumbi retroalimentam as lutas de mulheres e homens negros(as) pelo fim do racismo, mobilizando todos os setores organizados contra as desigualdades raciais, entre os quais as religiões de matriz africana, quilombos, movimentos de mulheres negras, associações de pesquisadores(as) negros(as), quilombos educacionais, articulações por ações afirmativas, movimentos político-culturais jovens, organizações de juventude por acesso a justiça e a segurança pública.

Programação Novembro Negro (www.sepromi.ba.gov.br)

Iberoamericanos debatem promoção da igualdade étnico-racial em Salvador

As políticas de promoção da igualdade implementadas pelos países iberoamericanos estarão em debate a partir de domingo (15), no Hotel Vila Galé, em Ondina, durante o Seminário Experiências Iberoamericanos de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Étnico-Racial com Perspectiva de Gênero. O evento visa o intercâmbio e a disseminação das ações governamentais dessas nações nessa linha de atuação. Para a abertura, às 18h, está prevista a participação do governador Jaques Wagner, do titular da Secretaria Geral Iberoamericana (Segib), Enrique Iglesias, do ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade (Seppir), Edson Santos, e da secretária de Promoção da Igualdade, Luiza Bairros.

Promotores - A realização do evento é uma parceria do Governo da Bahia, através da Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), com a Segib, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e a Seppir. Conta ainda com o apoio das secretarias estaduais de Cultura e Turismo e da Prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal da Reparação (Semur).

O seminário integra a ampla programação do Novembro Negro, projeto coordenado pela Sepromi em parceria com o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN), em alusão ao 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. O encontro reúne representantes dos países da Ibero-América, região geográfica que compreende os dois países da Península Ibérica (Portugal e Espanha) e os da América Latina hispanófona e lusófona (que têm como idioma, respectivamente, o espanhol e o português), por afinidade histórica, cultural e linguística.

Debates - Durante os três dias de debate serão discutidas a Construção da igualdade racial como campo das políticas públicas, O papel da sociedade civil na promoção da igualdade étnico-racial e de gênero, As experiências brasileiras e iberoamericanas em políticas públicas. Outras abordagens tratarão do papel da estatística para a elaboração de políticas públicas de promoção da igualdade étnico-racial, e do papel das agências e organismos internacionais na promoção da igualdade étnico-racial e de gênero.

Além das plenárias, durante o encontro serão realizadas reuniões bilaterais com representantes de outros países e parceiros brasileiros para estabelecer parcerias e trocas de informações. A programação inclui ainda, o lançamento do livro Turismo Étnico na Bahia, da jornalista Clarissa Amaral, e uma agenda cultural com show d' Os Ingênuos, na abertura, e do Cortejo Afro, no Pelourinho, na segunda (16).

A Ibero-América

A Ibero-América é uma região geográfica que compreende os dois países da Península Ibérica (Portugal e Espanha) e os da América Latina hispanófona e lusófona, por afinidade histórica, cultural e linguística. O termo Ibero-América é formado a partir das palavras Ibéria e América e utiliza-se para designar o grupo de países formado por Espanha, Portugal e as nações americanas independentes que foram antigas colônias destes países.

As nações iberoamericanas integram a Comunidade Ibero-Americana de Nações que, anualmente realiza uma Conferência Ibero-Americana em que comparecem os chefes de estado e de governo dos países iberoamericanos. Na mesma integrou-se Andorra e existe o projeto de incorporar outras nações africanas e asiáticas que foram colônias portuguesas ou espanholas.

Programação do Seminário (www.sepromi.ba.gov.br)


Pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo mostrou que grande parte dos brasileiros - 87% - admite que há discriminação racial no país, mas apenas 4% da população se considera racista.

Há racismo sem racistas?

A campanha Onde você guarda o seu racismo? tem o objetivo de provocar uma reflexão individual e, principalmente, conscientizar a população de que a luta contra o preconceito racial é responsabilidade de todos.

Onde você guarda o seu racismo?

Não guarde, jogue fora!

http://www.dialogoscontraoracismo.org.br/

Mês da Conciência Negra


Estamos no mês da Consciência negra e para isso, estou colocando aqui um artigo que eu achei muito bom, leiam e tirem suas conclusões, beijos.


As raças não existem

As pesquisas genéticas confirmam o que historiadores e sociólogos já sabiam: a unidade da espécie humana. As raças não existem
Verônica Bercht


As ciências biológicas, assim como as ciências sociais, deram durante muito tempo estatuto científico ao racismo. Nelas, ele baseava-se especialmente na afirmação de que a espécie humana era composta de três grandes raças e cada uma delas tinha atributos intelectuais e comportamentais específicos que justificavam uma hierarquia biologicamente estabelecida. Quem pensava assim via na prática social a comprovação dessa hierarquia. O conceito de raça – ou subespécie – era, portanto, o alicerce científico para o passo seguinte, o racismo e seu corolário, a superioridade racial de um grupo privilegiado.
A principal pergunta pertinente às ciências biológicas sobre esta questão é: a espécie humana é, objetivamente, composta por raças diferentes? Respondida esta pergunta poderíamos então partir para a seguinte: uma raça é superior a outra?
Essas questões receberam respostas diferentes ao longo dos últimos 200 anos. Hoje, o desenvolvimento e o acúmulo dos conhecimentos sobre a evolução da espécie humana, fornecidos principalmente pela paleoantropologia e pela genética, estabeleceram provas irrefutáveis sobre a inexistência de raças na espécie humana e desmascararam a camisa de força imposta por cientistas para adequar a realidade à prática social e à ideologia.
Podemos identificar duas posturas bem marcadas em relação ao conhecimento científico. Uma delas considera o fato científico como a revelação da verdade. Assim, o experimento científico, ou descoberta, é apresentado como um fato isolado, sem relação com outros fatos, científicos ou não, e totalmente alheio ao desenvolvimento científico e histórico que o antecedeu, e o fato é então incorporado como uma “verdade” científica que, por sua vez, é cultuada como solução para o problema que suscitou a pesquisa.
No outro extremo estão os que percebem que as promessas feitas com base na “verdade científica” nem sempre se realizam; que sabem que a ciência é feita por homens e mulheres com suas ideologias, e que, hoje, a prática científica baseia-se nos mesmos mecanismos capitalistas que regem as sociedades atuais. Por isso, negam a validade da metodologia científica para a aproximação do conhecimento da realidade, que em última análise, para eles, é inalcançável.
Essas duas posturas, apesar de distintas, têm a mesma conseqüência: invalidam a prática científica como instrumento para o conhecimento da realidade, negam os benefícios que esse conhecimento pode representar para a humanidade e, acima de tudo, impedem a análise crítica da ciência atual. Com isso, esvaziam as propostas de luta para a democratização e socialização dos conhecimentos científicos e de suas aplicações e para a reorientação dos objetivos da prática científica, atualmente definidos pela organização capitalista e neoliberal da sociedade.
Para entendermos o estágio em que a ciência se encontra é necessário ter em mente que por trás de toda prática científica estão as idéias, que, por sua vez, são resultado do contato do homem com a natureza, com os outros homens e suas criações. As ciências biológicas não são exceção à regra. Elas também estão imersas no universo ideológico, e o debate sobre a existência de raças biologicamente definidas na espécie humana é uma demonstração de que a ciência e a ideologia são inseparáveis e de como é tortuoso o caminho que nos leva ao conhecimento da realidade. Mas, é, ao mesmo tempo, a demonstração de que a ciência pode nos dar elementos importantes para o entendimento do mundo em que vivemos e auxiliar na proposição de lutas para torná-lo mais justo e mais humano.
A origem da variedade de seres que habitam nosso planeta é uma questão fundamental das ciências biológicas. Elas têm, em sua origem, a concepção religiosa judaico-cristã que estabelecia a origem divina das espécies e, até 1858, quando Charles Darwin publicou A origem das espécies e a seleção natural, acreditava-se que elas eram fixas, criadas por Deus, e as variações entre os indivíduos de uma mesma espécie não passavam de imperfeições nas criaturas, provocadas pelas falhas do mundo material. Os mesmos argumentos explicavam a existência das raças humanas e estabeleciam os níveis hierárquicos entre elas. A versão bíblica (Gênesis 9, 18-27) conta que quando Noé e seus filhos Sem, Cam e Jafé saíram da Arca, Cam cometeu uma irreverência contra o pai que, para puni-lo, o condenou ao sofrimento no tórrido continente africano e à eterna escravidão: “Maldito seja Canaã! Que se torne o último dos escravos dos irmãos”. A descendência dos três filhos de Noé teria formado, segundo essa interpretação religiosa, as raças que se espalharam pelos diferentes continentes.
Essa concepção predominou nas ciências biológicas até mesmo depois de Darwin ter mostrado que as espécies não eram fixas, mas resultado de um longo processo de transformações sucessivas. Numa época em que, de um lado, a prática da escravidão estava no auge e, de outro, a ciência não dispunha de elementos para compreender a evolução humana – a paleoantropologia ainda engatinhava à procura de fósseis dos ancestrais humanos e não se conheciam os mecanismos de herança das características dos seres vivos – a ciência biológica européia, é bom lembrar, associava traços culturais que não conseguia entender à variedade física dos povos, alegando que eram determinados pelo clima onde esses povos viviam. Assim, os traços culturais dos povos asiáticos e africanos eram associados às suas características físicas e como essas culturas eram consideradas inferiores à cultura européia, que então procurava se impor nas diversas colônias, os povos mongolóides e negróides eram considerados inferiores.
Pode-se dizer que essas idéias predominaram nas ciências biológicas até o início do século XX, acaçapando as visões discordantes. O desenvolvimento de dois ramos das ciências biológicas, a paleoantropologia e a genética evolutiva, na primeira metade do século XX, e a ameaça representada pelas idéias nazistas e eugenistas durante a Segunda Guerra Mundial foram determinantes para destronar temporariamente aquela concepção no âmbito das ciências biológicas. E após a derrota do nazismo, mesmo biólogos conservadores, como Edward O. Wilson, um dos fundadores da sociobiologia, diziam que a noção de raça ou subespécie era tão arbitrária que deveria ser abandonada.
Não auxiliava na classificação de plantas e animais e nem no entendimento dos fenômenos evolutivos. Ao contrário, confundia-os.
A teoria neodarwinista, proposta na virada dos anos de 1940 por Ernst Mayr, Theodozius Dobzanky e Julian Huxley, reuniu a teoria da evolução proposta por Darwin com os achados de Mendel e as novi-dades da nascente genética das populações, mas ainda mantinha em suas bases o dogma da Criação. Aceitava a evolução das espécies como um processo progressivo em cuja base estão as espécies inferiores que gradativamente progridem até chegar ao ápice dominado pela figura humana, como se a evolução seguisse um plano previamente traçado. O neodarwinismo propõe que a evolução consiste no surgimento de novas variantes de genes em grupos isolados de uma espécie; essas variantes surgem ao acaso provocadas por mutações e não ocorrem de maneira homogênea em toda a espécie. Gradualmente, sob a ação da seleção natural, as variantes genéticas que conferem vantagens adaptativas aos indivíduos do grupo são incorporadas ao seu patrimônio genético. O isolamento e o acúmulo progressivo de mutações em seu patrimônio genético torna-o, ao longo do tempo, incompatível com a espécie original – definindo uma nova espécie. As raças ou subespécies, por sua vez, seriam os estágios intermediários desse processo.
Esta teoria não rompeu com as idéias racistas que, ao contrário, a evocavam para afirmar que as raças negra e amarela seriam estágios anteriores e inferiores da raça branca e inspirou correntes reacionárias, como a sociobiologia e o ultradarwinismo.
Mas o neodarwinismo expôs também a fragilidade do conceito de raça, subespécie ou variedade ao demonstrar como sua significância depende do momento do processo evolutivo de uma certa espécie. Como saber se as variações observáveis dentro de uma espécie dariam vantagens evolutivas aos seus portadores a ponto de diferenciá-los numa raça? Em que momento um conjunto de variações poderia conferir status de raça a uma população? Inspirou, também vários estudos que tentaram quantificar a variação genética entre populações de uma mesma espécie, inclusive na espécie humana. Esses estudos mostraram que a variação genética entre indivíduos de uma mesma população humana é menor do que a variação entre indivíduos de “raças” diferentes. Outros estudos demonstraram que os traços que orientam as noções de raças – a cor da pele, o formato do nariz e dos lábios e o tipo de cabelo – não são típicos de cada “raça”. Existem, por exemplo, pessoas de pele clara e pessoas de pele escura portadoras de cabelos crespos, ondulados e lisos; de nariz achatado e de nariz aquilino; de lábios finos ou carnudos. As variações genéticas para cada uma dessas características estão espalhadas em toda a população humana.


Raça, um conceito ideológico, e não biológico
A luta contra as idéias racistas foi intensa. Apesar dos avanços posteriores à Segunda Guerra Mundial, o debate sobre a existência de raças recrudesceu na década de 1970, quando foram publicados livros como O Macaco Nu, de Desmond Morris, Gene Egoísta de Richard Dawkins e Sociobiologia de Edward O. Wilson. As idéias racistas e deterministas dessas obras, fartamente divulgadas pela imprensa da época, foram atacadas por cientistas progressistas, de inspiração marxista, como Richard Lewontin, Steven Rose, Leon Kamin, Marcel Blanc, Stephen J. Gould, entre outros, que promoveram uma verdadeira campanha de divulgação de experimentos e pesquisas científicas e demonstraram como as idéias apresentadas por aqueles autores não tinham fundamentos científicos e eram, apenas, conclusões de ordem moral e ideológica.
Nessa época os livros do paleontólogo Stephen J. Gould começaram a chegar às livrarias mostrando que a teoria neodarwinista não era a única explicação para a origem de espécies novas. Uma das idéias combatidas por Gould é a de que as raças ou subespécies são estágios transitórios do processo de especiação. Ele é veemente no combate à idéia de que a evolução é um processo de “melhoramento” das espécies e de que há uma hierarquia entre elas. Ao contrário, ele defende que a seleção natural é um fator menor na origem das espécies e considera que o acaso é o principal motor da evolução. O acaso representado por catástrofes naturais, por alterações gradativas no ambiente, por mutações genéticas ou alterações mais profundas no material genético são responsáveis pelo desaparecimento da maior parte das espécies e pelo surgimento de novas.
Algumas idéias de Gould (muitas delas inspiradas em colegas que no início do século foram solapados pela força do neodarwinismo, como Richard Goldschmidt), foram reconhecidas e incorporadas por cientistas como Ernst Mayr, fundador do neodarwinismo.
Na segunda metade do século XX os achados de fósseis de ancestrais humanos acrescentaram novos argumentos contra a existência de raças ao mostrarem que a espécie humana é muito nova na face da Terra – surgiu há apenas cerca de 160 mil anos, tempo insuficiente para que houvesse se diferenciado em raças. Além disso, mostraram que o intercruzamento, ao contrário do isolamento, é uma característica da espécie impossibilitando a ocorrência do processo de especiação neodarwinista.
Atualmente, portanto, é consenso de que não existem raças biologicamente definidas entre os homens. Mesmo tendo destruído o conceito biológico de raça humana, não será a ciência que destruirá o racismo, cujas origens não são científicas e nem fazem parte da natureza humana. O racismo também não é um mero problema de atitude, um preconceito residual do tempo da escravidão, como a visão liberal tradicional deseja. As origens do racismo são ideológicas e suas bases se mantêm na medida em que o racismo reforça o sistema capitalista. As conclusões da paleoantropologia e da genética de populações, no entanto, devem ser incorporadas à luta contra o racismo com a mesma veemência que as conclusões pseudocientíficas o foram a seu favor em tempos de triste memória.
Verônica Bercht é bióloga e jornalista.



Texto da Revista Princípios ed. 79

Patrimônio em perigo

Eu acho muito legal uma parte da Revista da Biblioteca que denuncia o PAtrimônio público em perigo, por isso estou colocando na íntegra aqui, vamos fazer a diferença ajudando de alguma forma, nem que seja divulgando. Obrigada!

Trens fantasmas
Segunda maior estação ferrovirária do Brasil está caindo aos pedaços, literalmente.
Bernardo Camara

Como um prenúncio, o letreiro da Estação Ferroviária de Cachoeira Paulista (SP) vai caindo, letra por letra. Fechado há 12 anos e sem investimentos há muito mais tempo, o prédio erguido em 1887 ameaça desabar. “O telhado já se perdeu todo, assim como boa parte da madeira e do ferro que o ornamentavam”, denuncia Alex Machado, secretário municipal de Indústria, Comércio, Desenvolvimento e Emprego.

Considerada a segunda maior do Brasil, com seus 4.620 metros quadrados de terreno, a estação vem sofrendo atos de vandalismo desde que fechou suas portas, apesar de ser tombada desde 1982 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo. Segundo Alex Machado, o edifício pertencia à Rede Ferroviária Federal, que chegou a acumular dívida de R$ 2,3 milhões por não ter levantado um pincel sequer pela sua conservação. Hoje a Rede está extinta, e a estação aguarda um inventário para ser transferida ao Iphan.

A prefeitura de Cachoeira Paulista, no entanto, quer encurtar o caminho, e pediu a guarda provisória do prédio. “Estamos correndo atrás da documentação para isso”, diz o secretário. “Nossa preocupação maior é que, se houver desmoronamento, não vamos conseguir mais restaurá-lo”.

Caso a prefeitura consiga a guarda, o terreno será dividido. De um lado, abrigará um centro cultural com cinema e teatro. De outro, a estação voltaria às suas origens, como parte do projeto Trem da Fé. “Com os municípios de Aparecida e Guaratinguetá, fazemos parte do maior polo de turismo religioso do Brasil”, explica Machado. Os trilhos voltariam à ativa para transportar os fiéis. Enquanto isso não acontece, porém, o letreiro continua cambaleante.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Império vai ao Oriente


A historiadora Monique Sochaczewski Goldfeld está a caminho da Turquia para estudar as relações do país com o Brasil
Rodrigo Elias

Em maio deste ano, por ocasião da sua passagem pela cidade turca de Istambul, o presidente Lula afirmou que “o último mandatário brasileiro que esteve na Turquia [na época, parte do Império Otomano] foi o imperador d. Pedro II, em 1865”, e, segundo o presidente, “não deixou saudade”. Para além do fato de d. Pedro II não ter sido mandatário – já que o poder monárquico no Brasil era hereditário – e da viagem não ter ocorrido em 1865, mas em 1876, restam ainda muitas incompreensões nas relações entre os dois países.

É para esclarecer estes e outros fatos que Monique Sochaczewski Goldfeld, professora da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas (RJ), está fazendo as malas para se instalar por seis meses na capital turca, Ankara.

Monique, que faz doutorado em História, Política e Bens Culturais no CPDOC, desenvolve uma comparação entre o Brasil e o Império Otomano entre 1856 e 1923. Considerados “impérios periféricos”, os países buscavam reconhecimento na sociedade internacional.

Um dos pontos de interesse da estudiosa é “a maneira como cada qual se relacionou com o grande império de então, a Grã-Bretanha”. Mas a pesquisa pode trazer muitos elementos ainda desconhecidos tanto para os especialistas como para o público mais amplo: “Estou interessada tanto na documentação do Halil Inalcik, um dos maiores especialistas na história do Império Otomano, depositada na Bilkent University, quanto nas fotografias do sultão Abdul-Hamid II, armazenadas na biblioteca da Istanbul University, que acredito dialogar com a Coleção Teresa Cristina, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro”.

Ao contrário do presidente, a pesquisadora suspeita que a passagem do governante imperial brasileiro deixou marcas no Oriente Médio. “O imperador, acompanhado do conde de Gobineau, encontrou-se rapidamente com o sultão Abdul Hamid II na mesquita de Hagia Sofia em 1876. Imagino encontrar mais dados sobre esse encontro na Turquia e daí averiguar como foi recebida na época. Depois disso ele viajou por diversas outras províncias do Império Otomano, como Líbano, Palestina e Egito.”

Segundo a estudiosa, “ainda são poucos os especialistas brasileiros sobre a região, embora já existam experiências bem interessantes, como o Núcleo de Estudos do Oriente Médio, da Universidade Federal Fluminense”. É necessário – completa Monique – que a academia acompanhe o interesse que o país vem mostrando pelo Oriente Médio nas suas relações políticas.

Fonte: revista da Biblioteca Nacional

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mimo




Recebi este selinhos da minha mãe Mara do blog Sublime peregrino e Desmontando Texto e da Jeanne do blog Crescer da trabalho, por falta de tempo, só pude postar agora, então me perdoem ok???

Repasso para:

Criança Genial
Espaço Mensaleiro
Saiba História
Violoes e Guitarra
Sons do pensamento
Lugar do real, do simbolico e do imaginario
Viajando no blog
Oxigenius
Oficina espírita
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obs: todos os links estão em meus blogs e meus favoritos, visitem estes blogs pois realmente vale a pena