sábado, 30 de maio de 2009

A sordidez humana

Meus amigos, estava lendo a Veja da semana passada e deparei-me com o artigo da Lya que fala da Sordidez Humana, também porque faz parte da nossa cultura o que ela escreveu e por considerar as palavras da autora minhas palavras( que pretenção), postarei aqui o artigo.

A Sordidez Humana

"Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça
alheia? Quem é esse em nós, que ri quando
o outro cai na calçada?"

Ando refletindo sobre nossa capacidade para o mal, a sordidez, a humilhação do outro. A tendência para a morte, não para a vida. Para a destruição, não para a criação. Para a mediocridade confortável, não para a audácia e o fervor que podem ser produtivos. Para a violência demente, não para a conciliação e a humanidade. E vi que isso daria livros e mais livros: se um santo filósofo disse que o ser humano é um anjo montado num porco, eu diria que o porco é desproporcionalmente grande para tal anjo.

Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós (eu não consigo fazer isso, mas nem por essa razão sou santa), que ri quando o outro cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se divertir? Ou se o outro é traído pela pessoa amada ainda aumenta o conto, exagera, e espalha isso aos quatro ventos – talvez correndo para consolar falsamente o atingido?

Ilustração Atômica Studio


O que é essa coisa em nós, que dá mais ouvidos ao comentário maligno do que ao elogio, que sofre com o sucesso alheio e corre para cortar a cabeça de qualquer um, sobretudo próximo, que se destacar um pouco que seja da mediocridade geral? Quem é essa criatura em nós que não tem partido nem conhece lealdade, que ri dos honrados, debocha dos fiéis, mente e inventa para manchar a honra de alguém que está trabalhando pelo bem? Desgostamos tanto do outro que não lhe admitimos a alegria, algum tipo de sucesso ou reconhecimento? Quantas vezes ouvimos comentários como: "Ah, sim, ele tem uma mulher carinhosa, mas eu já soube que ele continua muito galinha". Ou: "Ela conseguiu um bom emprego, deve estar saindo com o chefe ou um assessor dele". Mais ainda: "O filho deles passou de primeira no vestibular, mas parece que...". Outras pérolas: "Ela é bem bonita, mas quanto preenchimento, Botox e quanta lipo...".

Detestamos o bem do outro. O porco em nós exulta e sufoca o anjo, quando conseguimos despertar sobre alguém suspeitas e desconfianças, lançar alguma calúnia ou requentar calúnias que já estavam esquecidas: mas como pode o outro se dar bem, ver seu trabalho reconhecido, ter admiração e aplauso, quando nos refocilamos na nossa nulidade? Nada disso! Queremos provocar sangue, cheirar fezes, causar medo, queremos a fogueira.

Não todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse monstro inimaginável e poderoso, ou simplesmente medíocre e covarde, como é a maioria de nós, ah!, espreita. Afia as unhas, palita os dentes, sacode o comprido rabo, ajeita os chifres, lustra os cascos e, quando pode, dá seu bote. Ainda que seja um comentário aparentemente simples e inócuo, uma pequena lembrança pérfida, como dizer "Ah! sim, ele é um médico brilhante, um advogado competente, um político honrado, uma empresária capaz, uma boa mulher, mas eu soube que...", e aí se lança o malcheiroso petardo.

Isso vai bem mais longe do que calúnias e maledicências. Reside e se manifesta explicitamente no assassino que se imola para matar dezenas de inocentes num templo, incluindo entre as vítimas mulheres e crianças... e se dirá que é por idealismo, pela fé, porque seu Deus quis assim, porque terá em compensação o paraíso para si e seus descendentes. É o que acontece tanto no ladrão de tênis quanto no violador de meninas, e no rapaz drogado (ou não) que, para roubar 20 reais ou um celular, mata uma jovem grávida ou um estudante mal saído da adolescência, liquida a pauladas um casal de velhinhos, invade casas e extermina famílias inteiras que dormem.

A sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem domesticar isso. Ninguém me diga que o criminoso agiu apenas movido pelas circunstâncias, de resto é uma boa pessoa. Ninguém me diga que o caluniador é um bom pai, um filho amoroso, um profissional honesto, e apenas exala seu mortal veneno porque busca a verdade. Ninguém me diga que somos bonzinhos, e só por acaso lançamos o tiro fatal, feito de aço ou expresso em palavras. Ele nasce desse traço de perversão e sordidez que anima o porco, violento ou covarde, e faz chorar o anjo dentro de nós.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Epidemias nas missões jesuíticas

Ritual primitivo de sepultamento de indígenas/ Enterro, litogravura aquarelada, Johann Moritz Rugendas, séc. XIX, Museu da Casa Brasileira, São Paulo


por Jean Baptista

Padre, padre, um dos nossos está com a cara toda pintada de vermelho”, disse o índio de uma Missão jesuíta tão logo o padre saiu do claustro, ainda pela manhã. O religioso estremeceu: “Fui correndo ver o que era, já pensando na peste”. Corria o século XVII na região onde hoje fica a tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.
Ao chegar à pequena choça indígena, instalada próximo do povoado, ao padre não restaram dúvidas de que se tratava de varíola, doença que lhe rendia profundas preocupações. Ele tinha viva na memória a experiência de surtos anteriores: era preciso reagir rapidamente para tentar salvar o corpo dos índios enfermos, ainda que com baixa chance de vitória.
Mas, pensou o cura, também era o momento propício para fazer semear a mística do salvamento pelo Deus único do catolicismo. Ou seja, de aplicar seu apostolado para que os indígenas compreendessem que o Altíssimo ansiava pela alma de cada silvícola, podendo oferecer em troca uma vida longa e saudável.
Correspondência, livros de catequese, sermões e outros registros datados dos séculos XVII e XVIII revelam o trabalho dos jesuítas da Província Eclesiástica do Paraguai, atualmente parte do território da Argentina, do Paraguai e do Brasil. Eles tentaram implantar entre os indígenas abrigados nos povoados missionais (Guarani, Jê e Pampianos) noções de pecado, culpa e castigo. E a ação nefasta de doenças epidêmicas teve sua valia nesse esforço catequista.
“Os deuses ameríndios são mais fracos que o Deus verdadeiro” – eis o princípio da argumentação de missionários ativos na América colonial quando o assunto era varíola, sarampo ou gripe, doenças européias contra as quais os indígenas não possuíam defesas biológicas. Assim, os religiosos apresentavam-se aos nativos como representantes de uma vontade divina que, quando contrariada, não se fazia de rogada e enviava enfermidades a uma comunidade.
A estratégia religiosa tinha conexões com o que os nativos entendiam por doenças. Eles, de fato, eram inclinados a interpretá-las como manifestações do desgosto dos deuses diante do comportamento da humanidade. Muitas vezes, os silvícolas consideravam os surtos, as epidemias e as doenças individuais como o resultado de um “embruxamento”, vindo de algum indivíduo poderoso.
Ao acenar com a chave do controle das epidemias, os missionários se tornavam legítimos feiticeiros entre os indígenas. Tão logo uma epidemia abatia um povoado, uma série de medidas relacionadas à vida e espiritualidade era tomada, para tentar efetivar o processo de conversão dos nativos.
A modalidade do “praguejamento missionário” fundamentado em pestes visava, sobretudo, os índios que já haviam recebido a “boa nova” e, mesmo assim, seguiam com uma “vida pagã”. Na perspectiva jesuítica, o preço dessa opção era cobrado, em primeiro lugar, nas matas ao redor dos povoados missionais. Nelas se espalhava uma infinidade de cadáveres e moribundos provenientes de grupos devastados pelos surtos. Mas igualmente órfãos, mulheres e velhos desamparados – potenciais novas “ovelhas” para o rebanho dos padres.

Fonte: Artigo publicado em História Viva

domingo, 24 de maio de 2009

Historia-Portugal

sexta-feira, 22 de maio de 2009

MAis um livro interessante

Marcello Scarrone

O subtítulo pode enganar. Não se trata de uma história da ciência brasileira ou de seu templo mais celebrado, o instituto de Manguinhos. O próprio autor explica que quis apresentar uma “multiplicidade de histórias (...) seletivas e parciais” que giram em torno da figura de Oswaldo Cruz e da tentativa da ciência de transformar o Brasil em uma nação civilizada.

Cukierman apresenta os fatos ligados à ciência como construções da sociedade e mostra o conflito entre a medicina clínica, bacharelesca, e a medicina experimental, muitas vezes acusada de “charlatanismo” e vista com receio pela população.

Documentado e bem-humorado, o livro discute a cruzada dos higienistas de cem anos atrás, lembrando com ironia que “este novo Aedes aegypti da dengue nada mais é do que o nosso velho estegomía renomeado (...); nesta guerra ao mosquito, o General-Mata-Mosquito e sua tropa venceram apenas uma batalha”.

América desigual


Achei esta notícia na faculdade em um pequeno cartaz e gostaria de divulgar aqui, quem sabe alguém de outro país se interesse em participar?

Em junho, a maior associação de historiadores latino americanos (Lasa) chega ao Rio, para congresso. Os motivos variam de um lugar para outro, mas a América Latina ainda carrega o fardo de ser a região do mundo com os mais altos níveis de desigualdade social. Entre 11 e 14 de junho, a Associação de Estudos Latino-Americanos (Lasa) promove no Rio um congresso para discutir a realidade política, econômica e cultural da região. Além de painéis e seminários, o evento inclui um festival de cinema com filmes de diversos países. O 28° Congresso da Lasa, “Repensar as desigualdades”, acontece na PUC-Rio, que fica na Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea. Informações pelo email: lasacong@pitt.edu.

Fragmentos Setecentistas: Escravidão, Cultura e Poder na América Portuguesa


Meus amigos, gosto de divulgar obras que falem sobre a nossa história e aqui está mais uma que tenho certeza que os amantes da História vão se deliciar com o relato ali existe, pois trata-se de anos de pesquisa de Silva Lara, em arquivos do Rio de Janeiro, da Bahia e de Lisboa, revelando-nos um novo século XVIII.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Cuidado com a Gripe


As epidemias de gripes não são uma coisa atual, o contexto histórico muda, mas não muda os danos causados a humanidade. Em 1918, a gripe espanhola causa o maior estrago na humanidade e hoje estamos a volta com o vírus da gripe suína que chama a atenção do mundo inteiro.
A origem é parecida, os sintomas são os mesmos, noticiada no início do século XX como gripe espanhola, ele ganha hoje as páginas dos jornais com a alcunha de gripe suína.
A origem geográfica da pandemia de gripe de 1918-1919 é desconhecida. Foi designada de gripe espanhola, gripe pneumónica, peste pneumónica ou, simplesmente, pneumónica. O fato de ter o nome de gripe espanhola foi porque a impressa da Espanha, que não participava da guerra, noticiou que em muitos lugares estavam adoecendo e morrendo em números alarmantes, os soldados franceses, ingleses e americanos.
Em Maio, a doença atingiu a Grécia, Espanha e Portugal. Em Junho, a Dinamarca e a Noruega. Em Agosto, os Países Baixos e a Suécia. Todos os exércitos estacionados na Europa foram severamente afectados pela doença, calculando-se que cerca de 80% das mortes da armada dos EUA se deveram à gripe.
No Brasil a doença chegou em setembro de 1918. No dia 24 daquele mês a Missão Médica enviada pelo país para ajudar no esforço de guerra francês foi atingida pela gripe no porto de Dacar, Senegal, que à época era colônia francesa. No mesmo mês chegou ao país o paquete Demerara, vindo da Europa, e que é apontado por alguns autores, como o primeiro navio portador do vírus para dentro do Brasil. Em poucos dias a epidemia irrompeu em diversas cidades:Recife, Salvador e Rio de Janeiro, chegando em novembro de 1918 à Amazônia. Foram registradas em torno de 300 mil mortes relacionadas à epidemia. A doença foi tão severa que vitimou até o Presidente da República, Rodrigues Alves, em 1919.

sábado, 16 de maio de 2009

VIII EIEM


VIII EIEM - Encontro internacional de estudos medievais
As múltiplas expressões da Idade Média: Filosofia, Artes, Letras, História e Direito
Informações: http://www.cchn.ufes.br/depfil/viiieiem/

Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória/ES

de 11.08.2009 a 14.08.2009

Teatro Municipal


O Teatro Municipal do Rio de Janeiro completará 100 anos no dia 14 de julho e já estão organizando muitas apresentações para comemorar o evento e será aberto para visitação pública. O Teatro Municipal é considerado um dos mais belos do nosso país e da América Latina.
Localizado na praça Floriano, em uma área conhecida como Cinelância, no centro do Rio de Janeiro, sua arquitetura foi resultado da fusão de dois projetos arquitetônicos, de Francisco de Oliveira Passos e Albert Guilbert que empataram no concurso para escolha do responsável pela empreitada. O desenho do prédio foi inspirado no da Ópera de Paris, construída por Charles Garnier.
O Teatro passou por um processod e restauração que começou em janeiro do ano passado e com conclusão prevista para novembro, embora na data do seu aniversário será aberto para receber o público interessado em assistir a comemoração do seu centenário onde haverá apresentações dos corpos artísticos do Municipal: coro, balé e orquestra. Dentro, o público poderá ver uma exposição de fotos, apreciar apresentações de música de câmara e, por meio de estações de áudio, ouvir gravações históricas. Quem gosta de História não deve perder o evento.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Dia das Mães


Para homenagear a minha mãe querida, resolvi postar algo que tenha a ver como minha paixão, e a minha paixão é a História, então pesquisei um pouco sobre a origem e tradição dos Dias das Mães.
Muita gente pensa que é uma data criada pelo comércio para aquecer as vendas, pasmem! a origem da comemoração desta data foi encontrada na Grécia Antiga. Os gregos prestavam homenagens a deusa Reia, mãe comum de todos os seres. Neste dia, os gregos faziam ofertas, oferecendo presentes, além de prestarem homenagens à deusa.
Os romanos também não ficaram atrás, eles eram politeístas e seguiam uma religião muita parecida com a grega, por isso faziam este tipo de celebração. Em Roma, durava cerca de 3 dias ( entre 15 a 18 de março) e era feita em homenagem a Cibele, mãe dos deuses.
Porém, a comemoração tomou-se cristã nos primórdios do cristianismo.Era uma celebração realizada em homenagem a Virgem Maria, a mãe de Jesus.
O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de "Mothering Day", fato que deu origem ao "mothering cake", um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.
Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada em 1872 pela escritora Júlia Ward Howe, autora de "O Hino de Batalha da República".
Mas foi outra americana, Ana Jarvis, no Estado da Virgínia Ocidental, que iniciou a campanha para instituir o Dia das Mães. Em 1905 Ana, filha de pastores, perdeu sua mãe e entrou em grande depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória de sua mãe com uma festa. Ana quis que a festa fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas, com um dia em que todas as crianças se lembrassem e homenageassem suas mães. A idéia era fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais.
O primeiro Dia das Mães brasileiro foi promovido pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, no dia 12 de maio de 1918. Em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.
Fontes:
Pesquisa de Daniela Bertocchi Seawright para o site Terra
Norman F. Kendall, Mothers Day, A History of its Founding and its Founder, 1937.
- O Guia dos Curiosos - Marcelo Duarte. Cia da Letras, S.P., 1995.
- Revista Vtrine - artigo - Abril, S.P., 1999

Pagu


“Quando eu morrer, não quero que chorem; deixarei meu corpo pra vocês”.

Patrícia Rehder Galvão(1910 - 1962), conhecida pelo pseudônimo de Pagu, escritora, poetisa e jornalista brasileira.

Bem antes de virar Pagu, apelido que lhe foi dado pelo poeta Raul Bopp, Zazá, como era conhecida em família, já era uma mulher avançada para os padrões da época, pois cometia algumas "extravagâncias” como fumar na rua, usar blusas transparentes, manter os cabelos bem cortados e eriçados e dizer palavrões. Nada compatível com sua origem familiar.
Aos 18 anos, rompeu com a família e foi praticamente adotada pelo casal Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Um ano depois, fez parte do movimento da Antropofagia. Em 1930, casou-se com Oswald, com quem teve seu primeiro filho, Rudá. Integrante do Partido Comunista, Pagu foi presa e torturada por participar de manifestações políticas. Em 1933, ela publicou, com o pseudônimo Mara Lobo, o livro Parque Industrial, documento sobre a vida da classe trabalhadora paulista no início do século. Em 1950, foi candidata a deputada pelo Partido Socialista Brasileiro. Lançou também a Famosa Revista, em que criticava a esquerda nacional, o jornal A Vanguarda, e criou o primeiro Suplemento Literário do Diário de São Paulo.

Sem provisões

Charge de J. Carlos para Careta em 1941

Sem Provisões

O Africano – Socorro, socorro! Os antropófagos!

Na charge de J. Carlos para Careta em 1941, uma perspicaz inversão de valores retrata a invasão da África pelas forças européias.

sábado, 2 de maio de 2009

Breve história do trabalho



A luta entre os patrões (capitalistas) e os operários (proletariado) é uma situação que sempre esteve presente na história da humanidade. Desde períodos anteriores à Revolução Industrial que ocorreu por volta de 1830, os operários já sofriam com uma prestação de serviços dita livre, mas que na realidade era totalmente subjugada pelos senhores detentores dos meios de produção. Também encontramos na história sobre a construção do templo de Salomão, um ícone que representa muito bem o trabalho e a lei de salários, onde alguns pretendem ganhar mais do que seu trabalho vale, na nossa atualidade muito bem representado pelos nossos políticos, leiam com atenção.

Quando o rei Salomão mandou construir o templo; pediu a Hiram, (o rei de uma região chamada Tiro), que lhe enviasse o seu melhor artífice, e este enviou Hiram Abif. O Rei Salomão ao admirar a habilidade e maestria com que o artífice realizava obras em bronze e outros trabalhos metalúrgicos, acabou por lhe confiar a chefia de seus planos para a construção do Templo. Este artífice/arquiteto, para facilitar e por ordem nos trabalhos de construção, dividiu os trabalhadores segundo suas habilidades, e como era grande o número deles, a fim de reconhecê-los, quer para empregá-los segundo seus méritos e habilidades, quer para remunerá-Ios segundo seu trabalho e sua especialização; dividiu os trabalhadores em três categorias: Aprendizes, Companheiros e Mestres, para tanto, deu a cada categoria de aprendizes, de companheiros e aos mestres palavras de passe e senhas particulares. Ocorreu no entanto que três trabalhadores (que em algumas narrativas são denominados respectivamente de Jubelo, Jubela e Jubelum) que estavam na categoria de companheiros, vendo que a construção estava quase sendo concluída, quiseram usurpar a posição de mestres, sem o devido merecimento; e puseram-se de emboscada nas três portas principais do templo, e quando Hiram se apresentou para sair, um dos companheiros pediu-lhe a palavra de ordem dos mestres, ameaçando-o com sua régua. Hiram lhe respondeu: "Não foi assim que recebi a palavra que me pedis." O companheiro furioso bateu em Hiram com sua régua fazendo-lhe uma primeira ferida. Hiram correu a uma outra porta, onde encontrou o segundo companheiro; mesma pergunta, a mesma resposta, e esta vez Hiram foi ferido com um esquadro, (dizem outros com uma alavanca). Na terceira porta estava o terceiro assassino que abateu o mestre com uma machadinha.
Estes três companheiros esconderam em seguida o cadáver sob um montão de entulhos e escombros da construção do templo, depois arrastam o corpo para fora da cidade, enterrando-o numa colina e plantaram sobre este túmulo improvisado um ramo de acácia. Salomão e o rei Hirão, porém, não vendo regressar seu artífice/arquiteto, despachou nove trabalhadores da classe de mestres para procurá-lo; sendo que o ramo de acácia recém plantado na colina do Monte Moriá lhes revelou onde estava o cadáver, eles o tiraram de sob os escombros e como lá havia ficado bastante tempo, eles exclamaram, levantando-o: “Mach Benach” o que significa: a carne solta-se dos ossos. A Hiram Abif foram prestadas as últimas honras, mandando depois Salomão 27 mestres à caça dos assassinos. O primeiro assassino foi surpreendido numa caverna: perto dele ardia uma lâmpada, corria um regato a seus pés e para sua defesa achava-se a seu lado um punhal. O mestre que penetrou na caverna e reconheceu o assassino, tomou o punhal e feriu-o gritando: Nekun palavra que quer dizer “vingança”; sua cabeça foi levada a Salomão que estremeceu ao vê-la e disse ao que tinha assassinado: "Desgraçado, não sabias tu que eu me reservava o direito de punir?" Então todos os mestres se ajoelharam e pediram perdão para aquele cujo zelo o levara tão longe. O segundo assassino foi traído por um homem que lhe dera asilo; ele se escondera num rochedo perto de um espinheiro ardente, sobre o qual brilhava um arco-íris; ao seu lado achava-se deitado um cão cuja vigilância os mestres enganaram; pegaram o criminoso, amarraram-no e o conduziram-no a Jerusalém onde sofreu o último suplício. O terceiro foi morto por um leão que foi preciso vencer para apoderar-se do cadáver; outras versões dizem que ele se defendeu a machadadas contra os mestres que chegaram enfim a desarmá-lo e o levaram a Salomão que lhe fez expiar seu crime.

É importante ressaltar que a palavra “trabalho” não adveio com o início da prestação de serviços, mas que, foi somente por volta do século XI que passou a ser assim denominado o oferecimento da força pessoal de uma pessoa em favor de uma outra. A palavra “trabalho” tem uma conotação negativa ou depreciativa, significando, nos primórdios dos tempos a dificuldade em viver, ou mesmo de sobreviver, pois tudo o que é difícil de ser alcançado, é denominado de “trabalhoso”. No início o termo “trabalho” era usado para indicar as obras e tarefas humildes dos homens e mulheres que daí retiravam qualquer proveito.

Fonte: http://www.observatoriosocial.org.br