sábado, 30 de agosto de 2008

Revista - ArtCultura


ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte é uma publicação semestral do Instituto de História, vinculada ao Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia. Fomenta o diálogo interdisciplinar entre História, as Artes e a Cultura em geral. Seus eixos de interesse se apóiam nas relações entre História e distintos campos de produção cultural, como cinema, teatro, literatura, música, artes visuais, arquitetura e demais áreas das humanidades.
Como adquiri:
EDUFU – Editora da Universidade Federal de Uberlândia Av. João Naves de Ávila, 2121, Campus Santa Mônica, Bloco A – Sala 1A-01Uberlândia - Minas GeraisCEP: 38400-902 http://www.edufu.ufu.br/mailto:artcultura@inhis.ufu.br

Parabéns


A professora e historiadora Marieta Pinheiro de Carvalho, 31 anos, foi a vencedora do Prêmio D. João VI, entregue em Julho, em cerimônia solene no Palácio da Cidade, em Botafogo, no Rio de Janeiro.Doutoranda em História pela UERJ, a professora recebeu um cheque no valor de R$ 50 mil e terá seu trabalho Uma idéia ilustrada de cidade: as transformações urbanas no Rio de Janeiro de D. João VI (1808-1821) transformado em livro que será publicado até novembro.O trabalho de pesquisa foi todo concentrado no aspecto urbanístico e mostra que o Rio de Janeiro não era o que a Coroa Portuguesa esperava quando aqui chegou, uma cidade planejada e racional, mas sim, uma cidade com feição colonial e explica como a influência européia transformou o Rio em uma cidade imperial, além de ter sido a única cidade do mundo transformada em capital de um império europeu abaixo dos trópicos.
O Prêmio D. João VI de Pesquisa foi criado em 2007 pela prefeitura do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal das Culturas, com o objetivo de premiar a melhor monografia sobre o impacto urbano na cidade a partir da chegada da Família Real.

África, ontem e hoje


No Rio de Janeiro, curso gratuito sobre o continente africano

A partir do dia 4 de setembro, o Centro Cultural José Bonifácio sedia o curso 'África: ontem e hoje'. As aulas acontecerão das 19h às 21h e são gratuitas. Mais informações pelo telefone: (21) 22337754.


Confira a programação:
Aula 1: Geografia e história da África

As grandes migrações no interior do continente e as alterações no quadro geográfico. As sociedades africanas no mapa colonial e a descolonização. A aula tem como objetivo apresentar um panorama geral sobre a África.

Aula 2 e 3: Escravidão na África pré-colonial

A aula está prevista para se apresentada em duas partes. Na primeira parte será feito um balanço historiográfico sobre a escravidão na África analisando textos clássicos sobre o tema (Meillassoux, Miers&Kopitoff, Lovejoy). Na segunda parte serão apresentados alguns casos concretos, dando como exemplo a escravidão nos grandes reinos africanos, nas áreas de expansão islâmica e em sociedades descentralizadas.

AULA 4: O islã na África ocidental

Como o Islã foi um fator importante no desenvolvimento do comércio transaariano e mais tarde será usado como elemento integrador para os movimentos de resistência contra a colonização européia.

AULA 5: África Atlântica

A aula pretende apresentar uma visão panorâmica da História da África a partir do século no início do século XX, sobre as regiões cujas populações, durante séculos de contato e transferência forçada pelo tráfico transoceânico de escravos, se constituíram como elementos formadores da sociedade brasileira. Pretende-se ainda focalizar as mudanças que se desenvolvem a partir das novas formas de inserção do continente africano no cenário mundial.

AULA 6: Relíquias da África Central no congado de Minas Gerais

A aula visa a aprofundar a discussão historiográfica sobre a construção da memória afro-brasileira a partir de objetos da África Central do fim do século XIX e início do XX com funções ritualísticas no congado de Minas Gerais. Essa discussão permite pensar as fontes orais e iconográficas como as grandes aliadas para o estudo da História da África e Brasil

AULA 7: Os retornados do Benim, Togo, Nigéria e Gana: Agudás e Tabons

Trata do chamado "retorno" de escravos libertos à África e da formação das comunidades Agudás (nos atuais Benim, Togo e Nigéria) e Tabom (em Gana), ao longo dos séculos XIX e XX. Esses movimentos migratórios de ida e vinda através do Atlântico durante e posteriormente o fim do tráfico de escravos constituíram um complexo processo de construção de novas identidades sociais nesses países africanos, de modo a permitir que os retornados superassem o estigma da escravidão e se integrassem - como cidadãos de pleno direito nas sociedades que os haviam excluído anteriormente. Nesta aula são tratados dois aspectos da questão: o surgimento dessas identidades no passado; e o modo como hoje seus integrantes atuam de modo organizado e diferenciado em diversos campos da vida social.

AULA 8: O colonialismo e as independências na África

Os diferentes tipos de colonização e tipos de luta pró-independência/ libertação serão analisados, utilizando conceitos como descolonização/ libertação, novo princípio da ocupação. Trataremos ainda do racismo como ideologia orgânica do colonialismo e dos partidos políticos e movimentos de libertação no pós-guerra.

AULA 9: A construção da idéia de África: representações do continente "negro"Crise e renovação da historiografia africana". História imperial: mitos de um continente sem História. Independências africanas e construção de uma nova historiografia.

AULA 10: África no cenário político e econômico internacional. Estadismo, privatização e crise geral do estadoUm panorama geral dos espaços econômicos africanos será apresentado e analisado. Analisaremos a noção de desenvolvimento do subdesenvolvimento e a situação de crise do estado na África.

AULA 11: Somália, Ruanda e Libéria - "Nações sem Estado, Estados sem nações"

A análise entre as semelhanças e as diferenças entre as histórias pós-independência desses três países nos guiam para uma série de reflexões sobre a "construção" dos Estados e a possível relação entre "Estados fracos", ou "quase-Estados" , guerras civis, insegurança, desequilíbrio regional e a necessidade - ou não - de intervenções externas. O objetivo é apresentar essas histórias e identificar elementos sociais, políticos e econômicos que levaram as instituições desses países à ruína e como se deram as respostas internas e externas, bem como suas conseqüências.

AULA 12: Dinâmicas africanas em contexto de desenvolvimento. Dois exemplos: Benin e São Tomé e Príncipe

Nesta aula, serão apresentados e analisados projetos de desenvolvimento e a atuação dos técnicos de ONGs na região de Abomé (Benim) e nos antigos latifúndios de São Tomé e Príncipe. Analisaremos esses estudos de caso à luz das problemáticas atuais do continente.

Patrimônio em perigo


Um incêndio que destruiu a Igreja Nossa Senhora Aparecida, primeiro templo de Brasília, erguido em 1956 pelos nordestinos que construíram a cidade. Na época, o governo do Distrito Federal prometia erguer, no lugar, uma réplica fiel da construção.

Promessa cumprida. Depois de sete meses e 250 mil reais investidos na reconstrução, ficou de pé, em julho, a nova versão da igreja, na mesma praça da Vila Metropolitana. Todo mundo satisfeito? Nem tanto. O poder público parece ter se inspirado na arte de copiar o original, e manteve também inalterado o pouco caso com que trata desse patrimônio. Quem diz é Glorinha Bonfim, ativista que denunciou o incêndio do ano passado e continua na luta pela preservação da igreja: “Não há nenhum programa que se possa divulgar. Sei apenas de ações isoladas de alguns interessados”.Preocupante mesmo é ouvir queixas quanto ao desinteresse do governo da boca de seu próprio representante. José Carlos Coutinho, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico do Distrito Federal (DePHA), diz que a reconstrução da igreja “poderia ter acabado antes se não fosse a burocracia” e, pior, que este não é um caso isolado. “Todo o patrimônio de Brasília está ameaçado.
Até a Praça dos Três Poderes está sujeita a essa situação”, afirma Coutinho. Ele reclama que faltam recursos e pessoal para que o órgão cumpra sua função de “manter constante vigilância”. E lamenta: “A cultura não é e nunca foi prioridade de nenhum governo. O que podemos fazer é não esmorecer e continuar lutando com os recursos que temos”.O desanimador discurso oficial pode ajudar a entender o que houve com a Igreja Nossa Senhora Aparecida. Como preservar “não é prioridade”, deixa-se ruir e depois faz-se uma obra para botar uma réplica no lugar. Quem sabe, em breve, estaremos aqui reivindicando a réplica da réplica.

Navegador do outro mundo


Imagine se, em vez de português, você hoje falasse chinês — ou se Brasil fosse escrito assim: . No que dependesse de um almirante chamado Zheng He, poderia ser verdade. Entre 1405 e 1433, ele comandou uma imensa frota que percorreu a Ásia e o leste da África, até a atual Tanzânia. Faltou pouco para dobrar o Cabo da Boa Esperança, na pontinha do continente africano — o que o português Bartolomeu Dias só faria em 1488 — e achar o caminho para a América (veja mapa na página 74). Tudo isso oito décadas antes de exploradores cujos nomes o Ocidente sabe de cor, como Cristóvão Colombo.
Muitas diferenças, porém, separam as sete expedições de Zheng He das similares ocidentais. A primeira delas era bem visível: reunindo até 28 000 homens e 317 navios (alguns mais compridos que um campo de futebol), suas esquadras eram colossos flutuantes. Mais: pelo menos desde 1117 — setenta anos antes dos europeus — os chineses já usavam a bússola para navegar. Também dividiam o casco do navio em gomos, evitando que se inundasse todo em caso de acidente, truque que os ocidentais levariam séculos para descobrir.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Rosa de Hiroxima




Pensem nas crianças mudas telepáticas

Pensem nas meninas cegas inexatas,

Pensem nas mulheres rotas alteradas,

Pensem nas feridas como rosas cálidas,

Mas não se esqueçam da rosa da rosa,

Da rosa de Hiroxima a rosa hereditária,

A rosa radioativa estúpida e inválida,

A rosa com cirrose a anti-rosa atômica,

Sem cor nem perfume sem rosa sem nada.



Rosa de Hiroxima



Vinícius de Morais



Um pouco atrasada, mas ainda em tempo, para falar um pouco sobre o dia 06 de agosto, data em que uma nuvem em forma de cogumelo, deixada pela bomba atômica que explodiu a 550 m. de altitude no centro de Hiroshima, Japão, a 6 de Agosto de 1945, atingiu 18 km de altura.

"Meu Deus, o que foi que nós fizemos?" Eram 8h 16min 8s. do dia 6 de agosto de 1945. A interrogação foi a primeira reação de um dos tripulantes do Elona Gay, após presenciar a devastação produzida pela primeira bomba atômica jogada sobre uma cidade povoada. Elona Gay foi o nome dado ao avião norte-americano B-29 pelo seu comandante em homenagem à própria mãe. A cidade era Hiroxima, no Japão, que desapareceu em baixo de uma nuvem em forma de cogumelo. As notícias sobre a cidade eram desencontradas, e ninguém sabia exatamente o que ocorrera. No dia 9 outra bomba atômica foi lançada sobre a cidade de Nagasaki. Os norte-americanos haviam treinado durante meses uma esquadrilha de B-29 para um ataque especial. Nos aviões, quase ninguém sabia o que transportava. Morreram cerca de 100 mil pessoas em Hiroxima e 80 mil em Nagasaki. As vítimas eram civis, cidadãos comuns, já que nenhuma das duas cidades era alvo militar muito importante. O cenário histórico dessa tragédia que permanece até hoje na memória de milhares de japoneses era a guerra no Pacífico, entre Japão e Estados Unidos no contexto do término da Segunda Guerra Mundial. Os generais japoneses ainda tentaram resistir, até serem convencidos do contrário pelo próprio imperador Hiroíto. No dia 15 de agosto de 1945 os japoneses escutam pelo rádio a rendição incondicional do país. Em 2 de setembro o encouraçado norte-americano Missouri entrou na baía de Tóquio e a paz foi assinada. A Segunda Guerra chegava ao fim, deixando um salde de 50 milhões de mortos em seis anos. A bomba atômica tinha sido mais um episódio desumano na história da Segunda Guerra Mundial.
Essa mancha ficará para sempre na nossa história, e que as gerações futuras não cometam os mesmos erros.


O carro de boi

O carro de boi ainda é muito usado no nordeste, em muitos casos, como um dos principais meios de transportes de cargas (produtos agrícolas) e pessoas. Nos primeiros tempos da colonização, além de manter em movimento a indústria açucareira - da roça ao engenho, do engenho às cidades, o carro de bois mobilizava a maior parte do transporte terrestre durante os séculos XVI e XVII. Transportavam materiais de construção para o interior e voltavam para o litoral carregados com pau-brasil e produtos agrícolas produzidos nas lavouras interioranas. No Brasil colonial, além dos fretes, o carro de bois conduzia famílias de um povoado para outro – muitas vezes transformado em “carro-fúnebre” e os carreiros precisavam lubrificar os cocões para evitar a cantoria em hora imprópria.
Rústico, modesto, vagaroso, o carro de boi foi, sem dúvida alguma, um dos fatores que muito concorreram para o progresso rural do Brasil.
Todo de madeira, compõe-se de duas peças principais: o estrado e o conjunto roda-eixo. O estrado, gradeado ou de pranchas de madeira justapostas, é retangular, apresentando na parte dianteira um varal ou lança - o "cabeçalho". Em cada borda do estrado são fincadas varas roliças - os "fueiros" - que amparam lateralmente a carga. As rodas, em número de duas, geralmente maciças, por vezes com recortes semilunares, elípticos ou losangulares, são de madeira rija, altas e pesadas, protegidas por um aro de ferro quando rolam em terreno pedregoso. Estão solidamente encaixadas no eixo-móvel, que gira entre quatro peças de madeiras - os "cocões" – embutidas no estrado (duas de cada lado) que se apoia sobre eixo pelos "calços". Entre o calço e o eixo é colocado um indispensável suplemento - a "cantadeira" - untada com uma pasta de sebo e pó de carvão, para fazer o carro gemer, quando atritada durante a marcha. "carro que não canta não presta. Não é carro!"... O seu gemido característico, ligeiramente modulado, constitui motivo de orgulho para o correiro que não dispensa nunca.