Alguns amigos lendo o post anterior, me pediram para postar um pouco sobre a história do leque, atendendo a pedidos e ao mesmo tempo agradecendo a ideia, falarei um pouco deste acessório que tem sua origem na China Antiga, onde tornou-se parte integrante do costume nacional, sendo usado pelos reis como um sinal de dignidade. Da China passou para o Japão, onde também foi de uso constante.
O leque integrou, ainda, várias outras culturas: no Egito era uma honra poder-se abanar o Faraó; na Grécia, abanar a esposa durante o sono era uma grande prova de amor do recém-casado, garantindo-lhe o perdão por qualquer falta que tenha cometido. Em Roma haviam escravos especialmente designados para abanarem as patrícias e seus convidados em dias de intenso calor. Também o cristianismo adotou o leque: durante o ofício, dois diáconos, um de cada lado do altar, protegiam o celebrante do calor.
Ao longo dos séculos, os leques foram feitos em diversos materiais e formatos. Primitivamente foram usados leques de folhas, penas, plumas, do feitio de nossas atuais ventarolas, quase sempre de grande tamanho. A partir do século XV começaram a ser usados os leques propriamente ditos, reversíveis ou de fecho, constando de duas partes principais: a armação, pequenas hastes sobrepostas, e a folha, esta em papel, pergaminho, pano pintado (geralmente à guache), rendas e gaze, bordadas com lantejoulas, fios de ouro e dourados.
Os leques difundiram-se por toda a Europa, entre os séculos XVII e XIX, tornando-se um complemento indispensável à vaidade feminina, invadindo os salões e inspirando poetas e pintores. Nas primeiras décadas do século XX eram suntuosas plumas fazendo parte da toalete das elegantes, mas, após este período, com o desenvolvimento das novas tecnologias para refrescar o ar, o seu uso foi se tornando cada vez mais obsoleto, embora jamais tenham perdido em glamour, como objetos de rara beleza.

Os leques chegaram ao Brasil com D. João VI, que, seguindo o costume francês, introduziu o hábito de perpetuar nestes delicados objetos os fatos mais notáveis do período em que eram fabricados. O uso destes leques comemorativos intensificou-se nos reinados de D. Pedro I e D. Pedro II: feitos na China e encomendados no Brasil às chamadas "Casas das Índias", muito numerosas na Rua do Ouvidor, traziam numa face o feito histórico e noutra decorações com motivos puramente orientais.
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